quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um pouco de história

Um pouco sobre a minha história vocês já tem lido aqui, mas hoje resolvi contar um pouco sobre a história da origem de um bairro pelo qual eu tenho muito carinho, que é Botafogo. Foi onde morei até me mudar para São Paulo, e para onde acabei voltando recentemente.

Não é um bairro cool, como aquele onde eu morava em São Paulo. Muitos dizem que é passagem, pois é pequeno, e fica realmente num caminho entre bairros mais importantes e maiores da Zona Sul. Mas ainda assim tem seu certo encanto, nem que seja na minha cabeça nostálgica.

Passeando por aqui, é inevitável lembrar de diversos acontecimentos da minha vida, assim como tentar lembrar como eram determinadas ruas e imóveis por onde eu sempre passava.

Essa nostalgia, aliada à minha curiosidade, me fez pesquisar e descobrir informações e fotos bastante interessantes a respeito do bairro. Sou apaixonada por fotos antigas, que inevitavelmente vêm acompanhadas de histórias. Pronto, fui fisgada.

Claro que é muito mais divertido ver fotos e reconhecer os lugares em questão, mas mesmo que esse não seja o caso da maioria de vocês, acho que ainda assim vale dar uma olhada em tais fotos (cujos links estão no final do texto) e conhecer uma história interessante.

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A origem do tradicional bairro de Botafogo se confunde com a história da fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Em 1565, na base do morro Cara de Cão, onde hoje está localizada a fortaleza de São João no bairro da Urca; o Capitão-Mor e Governador Estácio de Sá (1542-67) funda a 1º de março a "Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro".
Neste mesmo ano, Estácio começa a doar terras a colonos e agricultores para que desenvolvessem alguma cultura nas mesmas, proporcionando assim o desenvolvimento da região.

Quatro meses depois da fundação, Estácio de Sá, resolveu demarcar os limites da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro e doou a seu amigo Francisco Velho, grandes extensões de terra que abrangiam áreas correspondentes hoje, aos bairros de Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).

Tal doação constituía-se num vale, formado pelos morros que foram batizados no século XVII de São João e Dona Marta, e cortados por dois grandes rios: o "Berquó" ou "Brocó", ambos ainda hoje existentes, um deles passando canalizado pelo Cemitério São João Batista e o outro passando paralelamente à Rua São Clemente, pelos terrenos de algumas mansões.

A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a "Enseada de Francisco Velho". Pelo qual ficou conhecido por mais de quarenta anos.
Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neoclássico da "Universidade do Brasil", na Avenida Pasteur, antiga "Praia da Saudade".

O bairro acabou sendo rebatizado em 1590, quando Antônio Francisco Velho vendeu suas terras para o amigo sertanista, João Pereira de Souza Botafogo, que desde então emprestaria seu sobrenome em definitivo ao bairro. O curioso é que possivelmente esse não era nome de nascença, mas sim apelido, muito comumente dado em Portugal a homens especialistas em armas de fogo manuais. Outra versão diz que o sertanista ficou conhecido por "Botafogo", desde que foi chefe da artilharia do famoso Galeão Botafogo, o mais poderoso navio de guerra do mundo na época.

Até o início do século XIX, o bairro era praticamente despovoado e considerado uma área rural. Um oficial russo que aqui esteve descreveu-o como "uma obra-prima da natureza". De um lado, o mar. De outro, as montanhas.

Mas a chegada da Família Real à cidade, em 1808, mudou a vida do Rio, e principalmente a de Botafogo, que de bairro rural, transformou-se no local preferido pelos nobres e também pelos comerciantes ingleses que procuravam Botafogo para fixar suas belas residências, tanto que o bairro ganhou o apelido de Green Lane.

Quando chegou ao Brasil, Carlota Joaquina - a esposa de D. João VI - escolheu um terreno em Botafogo para construir sua mansão, que ficava de frente para a praia. Sua presença imprimiu um novo estilo ao bairro, que se valorizou e consequentemente passou a ter suas terras disputadíssimas.

A urbanização foi chegando devagar. Em 1847, as ruas foram tomadas por carros de duas rodas e capota puxados por animais. Vieram também as diligências e, mais tarde, o bonde de tração animal da Companhia Jardim Botânico. Em 1854, o abastecimento de água começou a funcionar e seis anos depois, a iluminação a gás veio substituir as lamparinas de óleo de baleia. Em 1888 foi fundado um enorme depósito de gás, com capacidade para cinco mil litros de gás.

Pouco a pouco, novas ruas começaram a surgir. O processo era sempre o mesmo: as ruas eram abertas pelos proprietários das chácaras e, depois doadas ao Município.

Inaugurado em 1852, o Cemitério São João Batista é um marco na história do Rio de Janeiro. Foi um dos primeiros cemitérios sem distinção de classes. Escravos e pobres eram enterrados em cemitérios de covas rasas. Nobres e ricos, em cemitérios particulares, e os religiosos nas igrejas.

A igreja mais antiga de Botafogo foi a Matriz de São João Batista, construída em 1831 e doada por Joaquim Batista Marques de Leão.

Já na metade do século XIX, o bairro ganhou colégios, clínicas, casas de pasto e um comércio. O primeiro colégio foi o Imaculada Conceição, logo seguido pelo Santo Inácio. O primeiro clube foi o Guanabarense, fundado em 1870. O Clube Botafogo, foi fundado duas vezes. Primeiro surgiu o Club de Regatas Botafogo em 1894, graças às regatas na enseada, e em 1904, nasceu o Botafogo Football Club. A união dos dois clubes só aconteceu em 1942, sob ao nome de Botafogo de Futebol e Regatas.

Como em 1903 o bairro de Botafogo era um dos mais importantes da cidade, sua orla teve um destaque especial, sendo ali abertas três pistas: duas com piso de asfalto, para automóveis; e uma de areia, para cavalos, bem como a construção de jardins floridos.

Como naquele tempo o banho de mar ainda não era um hábito comum, o prefeito aterrou totalmente a praia, a qual somente ressurgiu em pequeno trecho na década de 40 e totalmente restaurada pelo Governador Carlos Lacerda, na década de sessenta.

Infelizmente, as belas mansões que margeavam a praia foram quase todas demolidas a partir da década de cinqüenta, sendo substituídas por edifícios modernos.

O Presidente Rodrigues Alves inaugura a Avenida Central, a 15 de novembro de 1906, com uma "carreata". Em 1903, quando as obras começaram, somente existiam licenciados seis automóveis, mas na inauguração da Avenida Central e da orla de Botafogo, eram 40. Em 1906, eram 153 veículos.
Na Praia de Botafogo foi fundado, em 1909, o Automóvel Clube, mas por volta de 1903 e 1904, os ricos e excêntricos já davam suas voltas motorizadas pelo bairro.

Se antes Botafogo era local de nobres, a partir de 1900 também passou a ser habitado por operários, biscateiros e artesãos, funcionários públicos e militares, comerciantes e profissionais liberais. Ao invés dos enormes casarões, as habitações coletivas se tornaram a marca do bairro.

Somente entre 1925 e 1930 surgem as Ruas Barão de Lucena e Guilhermina Guinle, onde não existiam vilas, pois uma lei municipal já havia proibido a construção das mesmas em Botafogo. É quando começam a surgir pequenos prédios, de no máximo quatro andares

O crescimento de Copacabana e do Jardim Botânico provocou uma verdadeira explosão no comércio e nos serviços de Botafogo. Os moradores desses novos bairros tinham que ir até Botafogo por causa dos hospitais, escolas e mercados, e, retornavam às suas casas no último bonde, o de quatro e meia da tarde. Enquanto Copacabana e Jardim Botânico nas décadas de 40 e 50 registravam taxas de crescimento de 74% e 59% respectivamente, Botafogo registrava apenas 8%, se tornando a partir daí uma mera ligação entre os diversos bairros da cidade. Dizem que vem daí a expressão “bairro de passagem”.

Botafogo hoje

Atualmente, Botafogo é um bairro de classe média e média-alta com cerca de 100 mil habitantes. Apresenta cinemas, teatros, shoppings centers, boates, casas de show, museus, centros empresariais, consulados, clínicas e hospitais e algumas mansões preservadas do início do século XX e fim do século XIX. É também conhecido como o "bairro das escolas", o "bairro das clínicas" — devido à grande presença destes estabelecimentos na região.

É um dos mais importantes centros de serviços da Zona Sul, principalmente para os bairros vizinhos Hmaitá e Urca, de padrão mais residencial. Na Rua Voluntários da Pátria e suas imediações está o principal centro comercial da região, com inúmeras lojas, agências bancárias, edifícios comerciais e grandes empresas.

É onde se localiza a Escola de samba São Clemente, assim como locais importantes como o Palácio da Cidade, a Fundação Getúlio Vargas, a casa de Rui Barbosa, entre outros.

A presença da favela Dona Marta na área evidencia um contraste social, semelhante ao que acontece também na Praia de Botafogo, dividida entre shoppings, centros empresariais e alguns edifícios residenciais de baixo padrão, conhecidos na cidade como cabeças-de-porco, sendo o Edifício Rajah o mais famoso deles.

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Alguns links para álbuns de fotos antigas do bairro:

www.flickr.com/photos/andre_so_rio/444862203/

www.flickr.com/photos/8264320@N04/514795193/

www.flickr.com/photos/11124678@N02/1773179415/

www.flickr.com/photos/thomazmoore/76427114/

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Importante dizer que as informações foram tiradas dos sites: http://pt.wikipedia.org/wiki/Botafogo_(bairro_do_Rio_de_Janeiro) e http://www.amabotafogo.org.br/. Caso haja interesse, sugiro darem uma olhada principalmente no segundo, pois há muita informação interessante lá.

4 comentários:

  1. Oi, Rafinha!
    Muito legal saber a história do seu bairro, espero que a gente possa combinar uma visita em breve! :-)
    Beijinhos, saudades!
    Mari.

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  2. I love U tum-tum... ...sempre em sua vida, vc querendo ou não !!!

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  3. Nasci em 1973, morei no Rajah de 1978 a 1994 (me lembro do "É Tetra! É Tetra!"). Depois morei no Hindú, depois na Marquês de Olinda, na Bambina, no Edificio Audax, na Real Grandeza, agora moro na Praia de novo perto do Shopping.

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  4. Conte mais casos bizzarros !!! Fui nesse edifício uma vez e lembro que achei super estranho, fiquei com pouco de medo !!! Os corredores eram escuros, o elevador parece que ia quebrar e fui embora rezando pra nao encontrar nenhum louco no corredor kkk

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