segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Balanço dos seis meses

Hoje faz seis meses que estou morando no Rio. Nesse meio tempo foi possível fazer algumas e novas observações sobre a cidade, sobre a minha vida aqui e constatar pequenas coisas no meu dia a dia.


Moro há relativamente pouco tempo aqui, mas me sinto praticamente como se nunca tivesse morado em outro estado, tamanha minha familiaridade com a cidade e meu bairro. Me sinto em casa.

Estou muito feliz, apesar da falta que sinto da minha família, de alguns amigos e de alguns lugares em São Paulo, mas acho que o saldo é bastante positivo.


Uma das poucas coisas que me irrita muito, mas com a qual estou aprendendo a conviver, é o calor. Mesmo antes do verão ter começado, as temperaturas já beiravam o insuportável. Como não há solução, acabei me acostumando, e ao mesmo tempo dando graças a Deus por não padecer muito ao ir pro trabalho, pois quando chego lá, em poucos minutos, o ar refrigerado resolve meu problema. Porém, confesso que já deixei de sair algumas vezes pra ficar no conforto do meu lar fresquinho. Em breve serei obrigada a fazer de novo uma escova progressiva, ou ser mais radical e cortar os cabelos curtos. Apesar de mais onerosa, prefiro a primeira opção.

A minha vida social até que anda razoavelmente agitada. Nem sempre faço os mesmos programas que fazia em São Paulo, pois os amigos são diferentes e seus gostos também, mas não posso me queixar. Recentemente descobri um cinema que num determinado dia da semana é tão barato, que passei a fazer isso com freqüência. Tendo como aliado o táxi também barato, esse passou a ser um dos meus programas preferidos. E que eventualmente ainda me trazem algumas surpresas agradáveis.

Em se falando da noite carioca, ainda não tive muitas experiências para poder comparar, mas pelo pouco que vi até agora, não conseguiria diferenciá-la da noite paulistana. E algo que é novidade, pois nunca vi em São Paulo, é um movimento chamado Pay what you want, que como o nome diz, consiste basicamente em se pagar o quanto se achar justo num determinado programa. Pode ser de R$ 1,00 a quanto sua conta bancária permitir. Alguns lugares estipula, dois valores, algo como 8 ou 80. Literalmente. E acreditem, uma grande parte encara o valor máximo. Achei a idéia interessante, mas ainda não fui a nenhum lugar com esse esquema. Se for o caso, venho contar como foi.

Agora uma pausa para uma observação feminina. Os cariocas são grandes conquistadores e na maioria das vezes tem um sotaque que começou a me soar bastante sexy. Vou dar tempo ao tempo e descobrir mais a respeito deles quando estiver disposta a conhecer alguém.

Outro aspecto que tem me deixado contente é o custo de vida carioca. Com exceção dos imóveis, indecentemente mais caros, praticamente tudo por aqui é mais barato. E ao contrário do que imaginei, a conta de luz desse mês, em que usei o ar condicionado à exaustão, não foi exorbitante.

Uma situação com a qual tive que me reacostumar, foi com entregadores subindo até o meu apartamento. Em Sampa não acontecia isso, e aqui quando toca o interfone eu tenho que me policiar pra não dizer ao porteiro que já estou descendo. Para falar a verdade eu até prefiro, e apesar de poderem subir, eu vou cogitar passar a fazer isso por uma questão de segurança e quem sabe sugerir a implantação da idéia no prédio.

Fala-se muito sobre as belezas naturais do Rio, o que não é nenhuma mentira. Meu apartamento não tem a melhor vista, é bem perto de outro prédio e um pouco devassado, mas ao menos consigo ver um dos morros do Pão de Açúcar. Em compensação, a outra vista é do cemitério. Das minhas três janelas consigo ver o Vale do Futuro lá na frente. Nada que incomode, mas é curioso.

Apesar deste detalhe, posso dizer que dei muita sorte em ter encontrado esse apartamento, tenho absolutamente tudo de que preciso pertinho de mim. E, por incrível que pareça, o que mais me atrai é um hortifruti, que além de ficar bem perto, fazem entrega e é o grande culpado por eu ter me viciado em fazer uma salada de frutas maravilhosa.

Também posso dizer que dei sorte no trabalho. Estou numa área que curto, trabalho com pessoas legais, minha chefe é ótima, o ambiente é agradável e o melhor de tudo, fica tão, mas tão perto de casa que vou até lá almoçar praticamente todo dia, e ainda tenho tempo para uma mini siesta.

Ou seja, não posso reclamar da nova vida. Agradeço sempre por durante esses 6 meses ter dado tudo certo e mais do que nunca, estar certa de que essa foi uma decisão difícil, mas bastante acertada.

E uma constatação curiosa, é impressionante a quantidade de vezes em que confundo o Rio com São Paulo. É ainda muito freqüente, por alguns segundos achar que estou num lugar e de repente me dar conta de que não estou. Vejo isso como um bom sinal, de que me sinto tão em casa em ambas as cidades que chego a confundi-las e acabo dando risada de mim mesma. Mas quero crer que seja uma questão de tempo e que em breve, isso aconteça apenas esporadicamente.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Mais uma listinha

Na falta de tempo e pra não deixar o blog às moscas, lançarei mais uma vez. mão de um recurso divertido.

Outra listinha pra passar o tempo:


10 coisas que eu quero de Natal:
Tempo pra viajar mais

Meus quadros pendurados nas minhas paredes como num passe de mágica
Um piso novo para minha sala
Unhas postiças
Um ar condicionado pra minha sala
Um celular com bateria perpétua
Uma tv nova pro meu quarto
Cabelo escovado pra sempre
Ganhar na mega sena
Paz

9 bandas que eu amo:
Depeche mode
Killers
Blind Guardian
Iron Maiden
REM
U2 (afinal, quem foi rei nunca perde a majestade)
Metallica
Manic Street Preachers
Faith no More

8 coisas que eu faço todo dia:
Escovo os dentes
Brinco com meus gatos
Ouço musica
Entro na internet
Leio
Vejo tv
Falo no telefone
Como

7 coisas que eu adoro
Dias em que não morro de calor
Ler
Ver filme
Quando acaba o carnaval
Baixar músicas
Descobrir algo novo
Comer

6 coisas que sempre vão conquistar meu coração
Bom senso de humor
Sorrisos
Simpatia
Educação
Respeito
Inteligência

5 favoritos
Filme: Peixe Grande
Música: In your room, Depeche Mode
Bebida: Coca zero /light
Comida: pão
Estação do ano: inverno

4 cheiros que eu gosto
Chuva
Meus perfumes
Refogado de alho com cebola
Meus incensos

3 lugares que eu quero conhecer
New York
India
Países Baixos

2 feriados que eu amo
Ano Novo
Qualquer um com mais de 3 dias

1 pessoa com que eu casaria sem pensar
Impublicável. Quem sabe, sabe.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Bullying e rejeição na minha infância

Recentemente lendo o texto de uma amiga sobre acontecimentos ocorridos na infância dela, fui imediatamente remetida à minha.

Atualmente lido muito bem com a minha deficiência, em todos os sentidos. Diga-se de passagem, essa expressão “deficiência”, ou as correlatas, em nada me incomodam. Tem que as ache pejorativas, mas como sou do tempo em que não se falava em “portadores de necessidades especiais” ou outras invencionices, isso não representa um problema pra mim.

Mas nem sempre fui assim. Como sabemos, crianças são bastante sinceras e, porque não dizer, maldosas também. Aquelas que são diferentes das outras são inevitavelmente marginalizadas, desprezadas. Esse foi exatamente o meu caso.

Lembro que quando tinha por volta de uns 8 anos, estudava em um colégio pequeno, onde eu fui pega para Cristo. Estudava em uma turma também pequena, eram 5 meninas e uns 10 meninos. A diversão deles no recreio era correr atrás da manquinha, ou da Medusa, como um deles resolveu me apelidar.

Aliás, esse menino, cujos nome e rosto até hoje não esqueço, e que era o líder da turma, ficou por muito tempo me perseguindo. Não necessariamente na prática, mas sonhava com ele e tinha medo de vê-lo em qualquer lugar em que estivesse. Felizmente nunca o vi fora do colégio.

O pior de tudo é que o sujeito no início do ano, quando nos conhecemos, era uma graça, todo educado e simpático, vivia conversando comigo e me dando presentinhos. Aí, algo fez com que ele se transformasse naquele pequeno monstro que passou a me aterrorizar diariamente.

Era humilhada na frente de todo mundo, e parecia que ninguém tinha compaixão. Até hoje não entendo como aquilo acontecia num colégio pequeno sem que professores/orientadores vissem e repreendessem o líder e os que se juntaram a ele.

Não tinha perdão, nada que eu fazia ou dizia passava em branco. Toda e qualquer palavra que saísse da minha boca era motivo para piadinhas de gosto duvidoso.

Aprendi a conviver com isso em silêncio. Talvez nem tanto silêncio assim, pois nessa ocasião já fazia terapia - logicamente não por decisão minha, assim como não tinha discernimento para entender do que se tratava – e certamente foi algo fundamental para mim.

Esse drama durou alguns anos e foi uma experiência traumatizante. Prova disso, é que não me lembro de praticamente nada agradável ocorrido nesse tempo, mas não esqueço os momentos desagradáveis. Hoje superei e acho que lido bem com a lembrança, mas não gostaria de um dia ver esse sujeito na minha frente.

Mudei de colégio aos 10 anos, por diversos motivos, e passei a estudar num bem grande e onde finalmente passei a me sentir melhor por não ser tão sacaneada. Mas isso não significou o fim da rejeição.

Comecei a ter aulas de educação física, o que se tornou um verdadeiro trauma para mim. Eram freqüentes os jogos de vôlei e queimado, mas logicamente eu ficava sempre na reserva. Ou quando raramente jogava, me sentia invisível. Ninguém me passava uma bola, implicavam com o meu andar e ouvi uma frase que me deixou muito triste e demorou algum tempo para ser processada: “você vai jogar mesmo andando assim?”. Eu na época, ainda muito submissa e sem atitude, disse algo como “é, melhor eu não jogar né? Também lembro até hoje o nome dessa menina.

Outra situação que passou a ser freqüente eram as festinhas de aniversário. Sempre tinha alguma pra ir. E na ocasião, com uns 11, 12 anos, é quando os meninos estavam começando a paquerar as meninas, chamá-las pra dançar e tentar conquistá-las. Eu virei o patinho feio, não era nunca a escolhida e ficava lá sentada olhando, fingindo que estava tudo bem. Nessa época, sofria uma espécie de bullying velado (se é que isso existe), pois sabia que comentavam sobre mim, sempre de forma pejorativa. Tinha a sensação de que de nada adiantava ir sempre arrumadinha, cheirosinha e bonitinha. Só minhas amigas me elogiavam, enquanto elas eram elogiadas pelos meninos.

Passei toda minha infância e adolescência morando num prédio grande, cheio de crianças e onde tinha piscina e playground, ambientes que eu freqüentava com assiduidade. Acho que era minha válvula de escape dessas situações vividas nos colégios, pois ali ninguém me rejeitava, eu conseguia ser eu. Claro que tinha minhas limitações, não conseguia pular corda e nem elástico muito bem, nas brincadeiras que exigiam muito esforço físico sempre era prejudicada, mas nunca fui feita de vítima talvez por ter minha irmã, mãe e várias outras, e algumas queridas sempre por perto.

Não falo isso hoje para que tenham pena, aliás, algo que não suporto. Mas sim porque tenho orgulho de mim, de ter vencido quase que completamente o problema (dizer que não ligo a mínima seria mentiroso da minha parte), e que hoje minha auto estima é outra. Consigo conviver com os olhares e comentários alheios sem me incomodar. Mas se disseram algo como “coitada, que pena”, eu fico bastante incomodada. Sou independente, e não foi á toa que conquistei isso, então não me acho digna de pena, muito pelo contrário.

Agradeço acima de tudo aos meus pais que me trataram sempre como se eu fosse “normal”, mas com o bom senso de me mostrar que eu sempre tive e sempre terei uma característica única com a qual tive que aprender a conviver.

Minha irmã também tem grande parte nesse processo. Sempre me viu como uma pessoa igual às outras e apesar de eventualmente ter um cuidado exagerado comigo (hoje em dia bem menos do que na nossa adolescência), nunca me tratou como alguém com um problema.

Sem pieguice, é com alegria que hoje me considero uma pessoa que inspira orgulho, sem falsa modéstia. .

Todos esses acontecimentos me levam a pensar em outra questão, mas que como não é da minha competência, não vou desenvolver, mas deixo como reflexão. Será que crianças podem ser pessoas do mal ou essas atitudes eram somente diversão? E será que crianças já nascem más ou desenvolvem isso com o tempo, em função das influências externas?

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E para descontrair um pouco:

Personalidades da semana: Letícia Birkheuer, Betty Lago, Francisco Dornelles, Oswaldo Montenegro (não agüento mais ver esse barba branca), João Havelange, Ciro Gomes e Patrícia Pillar (linda de morrer).