terça-feira, 14 de julho de 2009

18 anos, 4 meses e 12 dias

Este foi tempo que durou minha permanência em São Paulo. Por uma questão de pouquíssimos meses, ganha do tempo em que vivi no Rio na 1ª fase, 18 anos e 4 dias. Inclusive minha história, assim como a do mundo, agora se divide em fases, ou seja, Rio Fase 1, São Paulo e - há exatamente 2 semanas – Rio fase 2 !

Logicamente minha nova vida tem sido bem diferente da que levava em São Paulo, principalmente nos últimos dois anos e meio, quando fui morar sozinha. Estou tendo que me readaptar à convivência em família, que felizmente está sendo mais fácil do que imaginei.

Apesar de praticamente me sentir em casa, de estar sendo muitíssimo bem tratada e até um pouco mimada (minha tia madrinha fez questão de saber como é meu café da manhã pra comprar tudo igualzinho), não posso negar que estou sentindo falta dos meus gatos, da dupla computador/internet, das minhas roupas e bijuterias, das minhas manias, dos meus perfumes, de poder trocar de canal durante um programa chato, da minha cama de casal, de um sono silencioso (a rua onde estou é bem barulhenta, assim como o ronco da vovó ao meu lado) e de diversos detalhes que não chegam a incomodar, mas nos quais venho pensando com mais intensidade a cada dia. Me desacostumei, por exemplo, a ligar pra avisar a alguém que vou chegar mais tarde, algo que tive que acabar de fazer, pra não deixar todo mundo de cabelo em pé se às 7 da noite eu ainda não estiver em casa.

Já disse que sinto falta do meu computador, mas ao mesmo tempo, constatei que ficar menos horas do dia sem o dito cujo e consequentemente sem Internet, me leva a ler mais, a dormir mais cedo, a não ter vontade de ficar em casa e acabar indo andar na praia.

Em compensação, uma série de outras coisas está sendo interessante (re)descobrir. Não sei dizer se é algo de que nunca me dei conta ou se a minha nova condição de moradora da cidade me fez perceber, mas me impressionou o fato das pessoas aqui te julgarem menos, de um modo geral. Não sei se é a “vibe” da cidade que deixa as pessoas mais simpáticas e menos sisudas do que em São Paulo e, portanto, mais abertas, mas é evidente a postura mais light dos cariocas em comparação à postura do paulista.

Pude também relembrar de probleminhas que só a convivência em família permite contornar, como solicitar que o homem da casa abra aquele pote impossível, que troquem aquela lâmpada queimada lá no alto ou poder pedir emprestado a alguém da casa, aqueles centavos trocados para o ônibus da manhã.

Por falar em ônibus, esse é um assunto que continua sendo um mistério pra mim nessa cidade. Ninguém ainda conseguiu me explicar o motivo de haver mais de um valor para a passagem. Algumas custam R$ 2,20 (no post passado, erroneamente comentei que o preço normal da passagem é R$ 2,10), mas já peguei algumas vezes, ônibus cuja passagem é R$ 2,35. Sim, claro que poderia ter tirado a dúvida com o (a) trocador (a), mas só lembro disso quando estou escrevendo meu texto, nunca quando estou na catraca.

Pontos de ônibus são um caso à parte, algo que até alguns cariocas já me disseram. Nunca se sabe se naquele ponto, determinada linha para ou não. Mesmo que não pare, se você estiver lá por engano, e o motorista de bom humor, é bem provável que ele resolva ser legal e te deixe entrar. Porém, o que não dá pra entender é quando você está no ponto, sabe que o ônibus para ali, mas ele simplesmente passa lá do outro lado da rua e te deixa com cara de boba. Pensando bem, isso não acontece no Rio, mas aqui vejo isso com muita freqüência. Só vivenciando o dia-a-dia da cidade para aprender essa curiosa dinâmica. É inexplicável também como as linhas que pego para vir trabalhar, são incrivelmente vazias. Posso escolher onde sentar, mesmo no horário do rush, algo impraticável em São Paulo. Sem falar que os trajetos que faço por aqui, podem não ser pela praia, mas me permitem ver o Cristo, o céu quase sempre azul e eventualmente a Lagoa durante o pôr do sol. Cena esta que uns 3 dias atrás me fez derrubar minhas primeiras lágrimas depois da minha vinda. Um misto de melancolia, saudade de São Paulo e nostalgia proporcionada pela música que tocava no meu MP3, totalmente 80´s.

Estou sentindo muitas saudades da minha família, apesar de falar com todos frequentemente. Não é como estar junto, mas alivia um pouco a dor. Apesar dos pesares, estou muito feliz com a minha escolha. Penso muito no crescimento que essa mudança tem me trazido (e com certeza ainda trará) e tenho a sensação de que fiz a melhor escolha que poderia ter feito diante da situação em que me encontrava. Felizmente, até o momento, não bateu arrependimento, e só temo que isso aconteça no vindouro calor senegalês que se aproxima, mas isso se torna pequeno quando penso em desemprego, instabilidade ou problemas desse nível que teriam me atingido caso não tivesse encarado esta mudança.

Ainda é cedo para fazer grandes avaliações, mas ouso dizer que por enquanto estou feliz com a vida que estou levando. O Rio é uma cidade linda, calorosa (e calorenta também), familiar e mesmo assim, cheia de surpresas e situações agradáveis e curiosas. Quase impossível não gostar. Onde mais eu poderia ver em tão pouco espaço de tempo, famosos tão distintos quanto Daniele Winits, Tonico Pereira, José Dirceu e outras várias sub-celebridades?

Tem coisas que só o Rio faz por mim, e a verdade é que eu ainda estou naquela fase de namoro com a cidade, com o emprego, e em breve espero estar também me sentindo assim em relação à minha casa, cuja incessante busca, começa dentro de meia hora!

E isso com certeza dará assunto pra um próximo texto. É voltar aqui pra ver!

4 comentários:

  1. Incessante nãoooo!!! Vai cessar logo, logo! E você vai encontrar um cantinho tão (ou mais) legal quanto o (ainda não) antigo apê!

    Sempre bom saber que você está feliz!

    Beijão!

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  2. Puxa, eu tbém sempre achei q o povo carioca julga menos, é menos apegado a padrões prestabelecidos... ou talvez seja a vibe da cidade mesmo!!

    Boa sorte na sua busca por um novo lar!

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  3. Rafinha!!! E não vai se arrepender não! Td é crescimento! E logo vc terá a familia te visitando e vc os visitando. Logo terá sua casinha, seu computador (se bem que eu sou bem a favor de ficar mesmo um pouco sem eles! To muito viciada ultimamente!), seus gatos...
    Ah, eu acho que o preço da passagem é diferente porque o trocador embolsa a diferença e divide com o motorista! hahaha. beijos.

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  4. Rafa
    Confesso surpresa total com a facilidade,clareza e leveza dos seu escritos , e acho que já é hora de você pensar em esticá-los, enveredando por ficção e why not, um romance. Ou uma crônica urbana, mais longa? Ou humor ?
    Admirado e orgulhoso,
    Alvaro di Torraccia

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