quinta-feira, 23 de julho de 2009

Em busca do apartamento sagrado

Semana passada, pela primeira vez na vida, fui visitar um apartamento para alugar. Já tinha visitado apartamentos com essa intenção em inúmeras ocasiões, mas não à procura de um lugar para mim, eram sempre visitas com a família, e apesar de sempre ter podido dar minhas opiniões, as mesmas não eram necessariamente decisivas para a escolha.

Porém agora há um detalhe em jogo, eu é que devo dar a palavra final. Além de ter que saber tudo que é importante num processo de aluguel. Mas a minha inexperiência no assunto me deixa bastante insegura. Há perguntas óbvias, mas outras nem passam pela minha cabeça, e felizmente tenho meus tios ao meu lado para me ajudar.

Se em cidades grandes temos a preocupação de não morar em lugares perigosos, aqui no Rio, esta atenção deve ser redobrada, pois há um agravante. As favelas ficam nos morros em meio à cidade, o que significa que pode-se encontrar um apartamento legal, com um preço justo, mas cujas janelas ou varandas tem vista pra favela. E a questão da vista nem é o maior problema, e sim minha segurança, que fica em risco por conta de balas perdidas. Não, obrigada, não quero viver agoniada sem poder usufruir de uma varandinha e ficar me preocupando com meus felinos serem baleados por traficantes da favela ali do lado.

Esse é um motivo que já me fez desistir de alguns imóveis. Mas não é o único. Descobri por exemplo, que o ritmo de trabalho aqui, é decididamente mais lento do que em São Paulo. Um ótimo (e estapafúrdio) exemplo que tive disso, foi quando entrei em contato para agendar uma visita a um dos imóveis e o suposto corretor disse que só poderiam me mostrar o local duas vezes por dia, nos “convenientes” horários das 10 da manhã, ou das 3 da tarde ! Aí questionei sobre a possibilidade de se fazer isso no horário do almoço, algo bastante sensato na minha opinião. Mas só na minha, pois segundo esse sujeito, a pessoa que mostra o apartamento, também precisa almoçar nesse horário ! Tentei mais um horário, que era a única possibilidade que restava e também me pareceu normal, no final de semana. Quase pude sentir uma risada irônica do outro lado da linha ao ouvir um lacônico “não dá”. Eis que minha maravilhosa e querida tia, ligou em outra oportunidade e finalmente conseguiu marcar às 3 da tarde, horário em que poderia fazer essa gentileza para mim. Mas se pensam que ela conseguiu, estão enganados. A moto da pessoa que ia mostrar o local, pifou e ele não pode ir. Ao menos teve a decência de avisar antes. É ou não é desinteresse do proprietário mostrar o apartamento?

Algo que também pude observar é que encontrar prédios com placas de “aluga-se” ou “vende-se” é quase impossível. O motivo ainda é outra incógnita para mim e até mesmo para os cariocas.

Esta semana surgiu mais uma possibilidade a ser verificada em breve, alugar um apartamento na rua onde morei na minha infância. Seria um sonho, morar num lugar bastante conhecido, perto de uma grande amiga, perto do trabalho e com absolutamente tudo de que preciso ali do lado.

Melhor que isso, só morar no mesmo prédio onde cresci e vivi grande parte da minha vida aqui, mas só ganhando na Mega Sena ou herdando uma herança. Então me contentarei em morar na mesma rua. Se bem que diante da situação, morar no bairro já vai ser uma grande vitória.

Pensando bem, encontrar um apartamento morável e pagável no Rio de Janeiro já me deixaria feliz. A luta continua e, pelo visto, ainda por um bom tempo.

Ao menos toda essa busca está se mostrando válida por um motivo. Estou ficando calejada, esperta. Sei que determinado valor para um apartamento de 1 quarto, se é barato demais, apresenta algum problema. Em alguns é a falta de elevador e o apartamento no 4º andar. Outro era perto de uma região perigosa e cheia de mecânicas. E vários deles, como já perceberam, perto da favela.

Mas Rafa não desiste, afinal precisa ter sua vida de volta. Só que com a dificuldade que essa cidade tem em não colaborar, a tarefa vai ser longa e exaustiva.

---------------------------------------------------------------------

PS: O dia mal começou e já li algo que me deixou frustradíssima. Não vai ter mais show do Depeche Mode no Brasil, um dos eventos que eu mais esperava e que significaria MUITO pra mim. Nem a economia de dinheiro que farei por conta disso me deixou mais animada. Ainda não estou acreditando.

---------------------------------------------------------------------
PS2: Vou criar a partir de hoje uma nova e micra coluna, a “Personalidade da Semana, já que nesta cidade é comum vermos pessoas conhecidas. Falar ou não sobre cada uma delas e contar as circunstâncias em que as vi, vai depender do momento. Hoje, por exemplo, não entrarei em detalhes, mas prometo em breve voltar ao assunto. Portanto, fiquem hoje com a sucinta estréia:

Personalidade da semana: Elza Soares.

Um comentário:

  1. Rafinha, sei como é isso... estamos passando por isso aqui com a vantagem de não termos que nos preocupar com favela. Mas olha, tem bastante lixo por aqui tb viu? Ta dificil... Mas fica firme ai, que ficamos firmes aqui e logo logo estaremos todos no nosso sonhado cantinho!!
    Beijo. Lu

    ResponderExcluir