quinta-feira, 15 de julho de 2010

Lembranças escolares

Mesmo já estando de volta ao Rio há 1 ano, essa ainda tem sido uma experiência interessante. É inevitável que muitas lembranças me venham à mente, principalmente por ter voltado a morar no mesmo bairro onde vivi até os 18 anos.


É curioso observar como algumas coisas não mudam, outras mudam pouco e algumas desaparecem deixando saudades . E eu sendo assumidamente nostálgica, inevitavelmente estou sempre lembrando de lugares e passagens inesquecíveis da minha vida.


Uma das mais fortes é o último colégio onde estudei no Rio, o Santa Rosa de Lima – fiquei lá dos 13 aos 17 anos. Era um colégio não muito grande - tinha uma média de 2 turmas por série - daqueles onde quase todo mundo se conhecia.


Foram incontáveis histórias vividas lá, claro que nem todas agradáveis, mas felizmente as lembranças boas são mais fortes e, na maioria das vezes, engraçadas.


Como por exemplo, esquecer do dia em que meu pai me deu carona até lá num Fusca bicolor e me matou de vergonha gritando “Minha filha, não vai fumar maconha no recreio!”?


Ou o dia em que o motorista da família por algum motivo teve que entrar no colégio com o carro que era quase uma banheira de tão grande e chamava muita atenção, e eu e minha irmã morremos de vergonha do pessoal olhando aquela cena.


Outra situação memorável eram as saídas das aulas, quando normalmente eu e minha duas amigas Renatas ficávamos conversando horas a fio na porta sem pressa de ir embora, afinal nenhuma de nós trabalhava ou tinha muitos compromissos no alto dos nossos 15 anos. A gente sempre, sempre ria muito.


Foi nesse colégio que aconteceu algo inédito na minha vida escolar, fui parar na sala da diretora. Um dia durante o intervalo fiquei no portão conversando com a minha irmã que (ainda) não estudava lá e estava do lado de fora do colégio, pois não haviam deixado-a entrar para me dar um recado. Me revoltei e tomei essa atitude que julgaram ser muito radical pros padrões do colégio (que era de freiras). Como eu sempre fui obediente e comportada, a ida à sala da Graça, só me rendeu uma advertência verbal, mas se tornou inesquecível.


Um dos motivos pelos quais eu adorei ir ao colégio durante um ano inteiro, foi o Fred, professor de Matemática. Ele tinha o bumbum mais lindo que aquelas adolescentes já haviam visto, mesmo que só por dentro da calça. A minha turma na época, tinha umas 10 meninas e um dia resolvemos juntar nossas carteiras todas na frente da sala só pra admirar o sujeito, o que rendeu muitas risadas, mas um preço caro. A partir desse dia, o Fred passou a só usar blusa pra fora da calça e, até onde se sabe, aquele bumbum perfeitinho, nunca mais foi visto.


Teve um belo dia em que eu, e duas amigas resolvemos matar aula, e ficamos na coxia do teatro do colégio conversando. Ninguém descobriu e saímos dali um pouco frustradas, pois no fundo queríamos causar certa polêmica e chamar atenção. O máximo que aconteceu, foi perdermos uma aula e ficarmos com uma falta.


Mudei para esse colégio, pois fui reprovada no anterior, de onde tive que sair. Para compensar, meu ano como repetente foi um sucesso. Logo no primeiro bimestre, tirei a melhor nota da minha vida, um inédito 9,8 em matemática! E o professor não era o Fred. Nunca esqueço a letra redondinha do “tio” Novaes - também redondinho - em caneta verde e a alegria de ver uma nota tão alta na matéria que foi meu carma durante toda minha vida.


Um fato curioso que me marcou, foi quando alguns anos antes de estudar lá, por causa do colégio onde eu estava, fui apresentar um espetáculo de DANÇA! Sim, eu me vesti de Mulher Maravilha – sem falsa modéstia, a mais bonita do meu grupo de quatro – e apresentei uma coreografia. Acho interessante observar como eu era desinibida. Hoje jamais faria isso, e fico me perguntando como tive coragem de me expor daquela maneira.


Um dos poucos episódios tristes que lembro ter vivido lá, foi quando no final do 1º colegial, num belo sábado de sol, fui pegar o resultado da 1ª recuperação, certa de que teria passado em todas, ou em pelo menos 3 das quatro em que havia ficado. Eis que caiu uma bomba em minhas mãos, eu acabei sendo reprovada, pois só poderia ter ficado em uma, e acabei ficando em duas. Foi um baque e com certeza um dos dias mais tristes da minha vida. Ouvi uma frase da minha mãe que nunca mais esqueci: “Porque você não aproveita e se matricula pra sempre no 1º colegial?”. Felizmente não foi necessário e o trauma foi superado, mas não deixa de ser uma lembrança ruim que tenho de um colégio que me trouxe tantas alegrias.


Outra recordação não tão legal, mas que não chega a ser triste, é das sempre traumáticas aulas de educação física. Talvez tenha tido algumas professoras ao longo dos 5 anos em que estudei lá, mas só lembro de uma, a Ester. Eram duas aulas por semana, sendo que numa delas praticávamos algum esporte (normalmente vôlei) e em outra, dança. Como já era mais velha do que quando fiz aquela apresentação, acho que passei a ter vergonha e era um verdadeiro martírio aprender uma coreografia que eu nunca apresentei. Aliás, não lembro se um dia alguém fez uma apresentação oficial.


Lembro também de um acontecimento que foi um dos mais divertidos daquela época. O colégio inteiro participou de uma gincana, daquelas em que se precisava fazer de tudo um pouco. Arrumar fotos antigas, fazer apresentações bizarras, entre outras coisas engraçadas. Não esqueço de uma das meninas mais nerds – ou “prega” como falávamos naquela época - cantando uma música então onipresente, Lost in Your Eyes da Debbie Gibson. Até hoje quando ouço a dita cuja lembro desse episódio. Foi um sábado tão divertido que acho que naquela dia quase ninguém se incomodou por ter acordado cedo.


E como as aventuras não aconteciam só dentro do colégio, durante um passeio noturno por Copacabana, vivi algo inusitado. Era um grupo grande e estávamos andando no calçadão, quando nos deparamos com a gravação de uma novela da época, Barriga de aluguel. Resolvemos parar pra assistir, quando alguém da produção foi até os curiosos transeuntes e selecionou duas pessoas para fazerem figuração numa cena, que se passava na frente de uma boate.


Eu fui a escolhida, além de um dos meninos do meu grupo, mas que eu nem conhecia. Encostaram a gente num carro, pediram pra ficarmos conversando sem olhar pro lado. Mas isso foi quase impossível, pois estavam a poucos metros de mim, dois daqueles que na minha opinião eram os mais bonitos atores nacionais da época, Paulo Cesar Grande e Jairo Mattos. Me esforçava para tentar não olhar, e acho que consegui ser discreta, pois ninguém foi reclamar comigo. O mais difícil foi não ficar rindo da situação e tentar conversar com um estranho tendo ao meu lado dois galãs que eu não queria parar de olhar.


Claro que na 2ª feira seguinte, esse foi o assunto mais comentado no colégio. Mas infelizmente nunca vi essa cena, nem quando reprisaram a novela, muitos anos depois. Também fucei na Internet, mas foi em vão.


Infelizmente nunca fui um exemplo de boa aluna. Com exceção do 9,8 em matemática e umas eventuais notas 7 e 8 em Trigonometria – matéria que eu estranhamente adorava- acho que só tirei um 10 na minha vida. E mesmo assim foi num trabalho em grupo numa apresentação de literatura.


Não lembro o assunto, ou o motivo, mas resolvemos fazer uma espécie de teatro de fantoches com bonecos em papel machê criados por nós. O critério para se chegar à pontuação final consistia em se eliminar a menor e a maior nota dada pelos outros grupos e pelo professor, apelidado de Bambi pela molecada, por motivos óbvios. Não esqueço do comentário do dito cujo: “Como o grupo só teve nota 10, é óbvio que a média final é 10”. Fomos ovacionados em pleno teatro semi lotado. O curioso é que por algum motivo que também não lembro, o líder do nosso grupo era conhecido como “Humilhação”. Acho que nesse dia ele que se vingou, humilhando os outros grupos com um trabalho tão perfeito. Pena que não existem fotos disso.


As memórias são muitas. Tinha a Irmã Azeitona, o professor de Física tarado, o professor de química malucão Nabuco, o Wanderelei que conseguiu me fazer ter certa simpatia por biologia, a cantina bagunçada na hora do recreio, a santa que diziam que volta e meia aparecia pros alunos, uma infinidade de festinhas e reuniões, as paqueras platônicas, enfim, uma série de motivos que fizeram esses 5 anos se tornarem inesquecíveis.

3 comentários:

  1. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA,Rafa, amei, amei. È bom demais ler isso e lembrar que muitas dessas coisas eu me lembro como se fosse hoje! Tantas coisas legais! Lembra do André e do Antonio? Uhauhauaha!Adorei. Beijos (L)

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  2. Oi,

    É muito relembrar esses momentos!Amei!!!

    bjs

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  3. Santo saudosismo Batman!

    Mas hey, as mudanças acabaram ou foi o tempo mesmo? =P

    Besos

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